Após prisão de major, polícia quer desarticular estrutura de quadrilha

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Sérgio Roberto de Carvalho, 62 anos, ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, também conhecido como Pablo Escobar brasileiro, por ser líder de uma organização criminosa que traficava cocaína para a Europa, foi preso em junho deste ano, após passar anos foragido. Desde então, a Polícia Federal tem focado em desarticular a quadrilha montada em volta de major Carvalho.

A última ocorreu ontem, quando foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em Campo Grande, um em Jaraguari e outros dois fora de Mato Grosso do Sul, em São José do Rio Preto (SP) e na capital paulista.

Os nove mandados fazem parte da Operação La Famiglia, que tem o objetivo de reprimir e desarticular uma estrutura de lavagem de dinheiro constituída por indivíduos ligados ao núcleo familiar do narcotraficante, preso recentemente na Hungria.

De acordo com a Polícia Federal, os alvos da ação eram responsáveis por parte da movimentação financeira e aquisição, administração e alienação de bens oriundos de suas práticas criminosas.

Além das buscas, também foi decretado o sequestro de imóveis dos investigados, avaliados em aproximadamente R$ 8 milhões. Durante a operação, foram apreendidos documentos, celulares e outros itens não especificados pela Polícia Federal.

“A investigação evidenciou a prática de lavagem de dinheiro consubstanciada em negócios jurídicos fraudulentos e compra de bens imóveis e móveis, em especial fazendas, subsidiados com recursos provenientes do tráfico internacional de drogas, bem como investimentos com a finalidade de desempenhar atividade rural pecuária, visando, assim, converter os ativos ilícitos em lícitos”, diz trecho de nota enviada pela PF.

Ainda segundo a corporação, o trabalho é um desdobramento da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal no dia 23 de novembro de 2020 em diversos estados e no exterior para combater um conglomerado de organizações criminosas ligadas ao crime de tráfico internacional de drogas.

Os investigados, que fazem parte do núcleo familiar do chefe do esquema, responderão pelo crime de lavagem de dinheiro, com penas que podem variar de 3 anos a 10 anos para cada ação perpetrada. Estima-se que a organização enviou cerca de 45 toneladas de cocaína para a Europa.

OUTRAS OPERAÇÕES

Em julho deste ano, outras duas operações com foco na organização criminosa foram deflagradas pela Polícia Federal.

Ao todo, foram 49 mandados de busca e apreensão, 13 mandados de prisão temporária e seis de prisão preventiva em vários estados brasileiros, divididos em duas frentes.

Na Operação Catrapo, foram 28 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de prisão temporária, expedidos pela 5ª Seção Judiciária de Mato Grosso, que foram cumpridos nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Rondônia e Tocantins.

Nela, o foco era aviões, que, segundo as investigações da Polícia Federal, eram usados pela organização criminosa para trazer a cocaína adquirida no Peru e na Bolívia ao Brasil, utilizando Mato Grosso como porta de entrada.

A droga, posteriormente, era encaminhada para comercialização na Europa.

A Polícia Federal interceptou duas toneladas de cocaína e identificou R$ 40 milhões em patrimônio durante a apuração.

A segunda operação, nomeada The Fallen, cumpriu 21 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Federal de Pernambuco, nos estados de Pernambuco, São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Bahia.

Nesse caso, as investigações tiveram início em 2020, após a importação suspeita de peças de aeronaves portuguesas por uma empresa de Recife (PE), que as introduziu no Brasil pelo Porto de Itajaí (SC).

Por meio de investigação, feita em conjunto por Polícia Federal, Receita Federal e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), foi constatado um esquema de contrabando de peças de aeronaves para o País para a utilização por narcotraficantes em atuação na fronteira.

“Apura-se, ainda, a estratégia de lavagem de dinheiro montada pelo grupo criminoso, que se utilizava de empresas de fachada para movimentar valores no território nacional. Além disso, eram usadas empresas com sede no exterior para viabilizar a compra de aeronaves fora do Brasil, as quais serviam à organização criminosa investigada e também eram cedidas para outros grupos criminosos”, afirma a PF em nota.

PRISÃO

Conhecido como Pablo Escobar brasileiro, o ex-major Carvalho foi preso no dia 21 de junho deste ano, em Budapeste, na Hungria. Ele estava foragido desde 2016, quando desapareceu de Campo Grande, e em 2018 foi inserido na lista de procurados da Interpol.

Segundo investigações, Carvalho movimentou R$ 2,25 bilhões, entre os anos de 2018 e 2020, com exportações de 45 toneladas de cocaína à Europa, de acordo com a Polícia Federal.

O megatraficante foi expulso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul em março de 2018 e condenado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas.

Quando foi preso, ele estava com um passaporte mexicano falso e era procurado pelas polícias do Brasil e da Europa. Ainda não há confirmação se o ex-major ficará preso na Europa ou se será extraditado para o Brasil.

A prisão de Carvalho foi realizada após investigações desenvolvidas no âmbito da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal em 2020, que culminou na expedição de mandados de prisão para Carvalho e outros investigados, bem como na apreensão de mais de R$ 500 milhões da organização criminosa da qual ele era líder.

Saiba

Major Carvalho entrou para a Polícia Militar de MS no fim da década de 1980, como comandante do Batalhão Militar de Amambai. Na década de 1990, já estava envolvido com atos ilícitos, como o contrabando de pneus.

Anos depois, foi pego contrabandeando uísque e, em 1997, já transportava cocaína da Colômbia e da Bolívia até o interior de São Paulo. Tem duas condenações com mais de 15 anos de pena.

 

Fonte/créditos: https://correiodoestado.com.br (DAIANY ALBUQUERQUE)

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