Prefeitura atrasa auxílio de R$500,00 e famílias não sabem quando poderão sair da rua

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Há quase dois meses morando em uma rua do Jardim Los Angeles, 12 pessoas dividem um barraco pequeno montado com lonas e tábuas e esperam pelo auxílio de R$500,00 prometido pela prefeitura de Campo Grande.

O prazo para o pagamento era esta sexta-feira (15), mas, de acordo com a Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Amhasf), foi preciso uma prorrogação de 10 dias por razões jurídicas.

Morando na ocupação com seu filho, Cláudia Moreira Araújo, de 49 anos, está desempregada e relata ao Correio do Estado que todos que residem ali estão dependendo de doações para viver enquanto o auxílio não é pago.

“Deram o prazo de até hoje para nós, mas não recebemos nada. Tive até ajuda para colocar um crédito no celular e ficar de olho se vão pagar, mas até agora nada”, explica.

E ainda acrescenta: “Hoje a gente já foi no Cras [Centro de Referência da Assistência Social], mas não souberam dizer o que tinha acontecido, mas deram uma cesta básica pra gente”.

A moradora ainda conta que teve que deixa a casa onde morava de aluguel por não ter mais condições de honrar o pagamento mensalmente por ter perdido seu emprego durante a pandemia de Covid-19.

“Eu fiquei sem trabalhar porque tive Covid e como minha imunidade ficou baixa, logo eu fiquei gripada e depois tive dengue. Depois tropecei em um buraco e torci meu pé, acho que estava fraca, então, a firma me mandou embora por ter muito atestado médico”, afirma.

O Seguro Desemprego e as indenizações salariais duraram por quatro meses, tempo que conseguiu se manter e quitar o aluguel. Em junho, Cláudia ficou sem ter para onde ir e montou um barraco em uma área pública próxima junto com outras famílias, de onde foram retiradas pela Prefeitura menos de 24 horas depois.

“Todo mundo juntou o que tinha para construir as casas, mas a Prefeitura veio e derrubou tudo. Perdemos quase tudo que a gente tinha e agora estamos vivendo de doação”.

Pela situação que estão vivendo, dividindo um barraco pequeno sem água encanada e com luz ligada de forma clandestina e sem qualquer estrutura, a moradora ainda alega que agentes da Guarda Civil Municipal estiveram na ocupação e ameaçaram as famílias que têm filhos, dizendo que o Conselho Tutelar poderia tirar a guarda das crianças dos pais.

A reportagem entrou em contato com a Guarda Municipal, que não se responsabilizou pela ação, e com a

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, mas não obteve retorno.

“Uns estão na casa de familiares que acolheram por enquanto, mas eles dizem que podem aguentar só por uns dias porque na casa é apenas um salário, alguns vivem de aposentadoria”, afirmou.

Ana Clara da Silva, de 15 anos, veio de Sidrolândia para tentar uma vida melhor na Capital, mas ainda não conseguiu emprego. Portanto, também vive no barraco em condições precárias e não frequenta a escola.

Ela lembra que mesmo com o auxílio de R$500,00 ainda será difícil sair da ocupação por dois motivos: primeiro porque, além do preço do aluguel, um dos critérios para a locação é ter renda fixa, o que nenhum dos moradores tem. Outro: porque outros gastos precisam ser considerados.

“Tem que pagar água e luz também, além de comprar as coisas pra gente, por exemplo, tem mulher que tem bebê e precisa comprar as coisas pra viver”, afirma Ana Clara.

No que Cláudia acrescente : “A gente está lutando pra ver se a gente consegue uma área para cada família fazer seu barraquinho e podemos usar os R$500,00 para começar a vida até conseguir um emprego”, diz esperançosa.

Mesmo morando na casa de parentes, também estão vivendo de doação e sempre que quem mora na ocupação recebe algo também direciona para as famílias que estão em casas de parentes

Eles estão contando com a ajuda de vizinhos para poderem lavar roupas e ir tomar banho e ter acesso à água tratada para consumir e cozinhar.

Insegurança

Por estarem um barraco feito de lona e tábuas e apenas com uma entrada, mas sem porta, que tem acesso direto para a rua, quem está na ocupação ainda precisa passar por situações de insegurança em que podem os poucos pertences roubados.

De acordo com Cláudia, na noite de ontem para hoje uma pessoas tentou invadir o barraco, mas foi impedido porque os ocupantes reagiram ao ataque.

“A gente tem que agir porque se não for assim, é difícil pra gente, mas aqui não tem segurança nenhuma. Estamos no meio da rua”, conclui.

 

Fonte/créditos: https://correiodoestado.com.br (ANA CLARA SANTOS)

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