Pantanal é o bioma que mais secou em 38 anos, mostra pesquisa

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Neste período, Mato Grosso do Sul perdeu 263 mil hectares de superfície de água, o que equivale a 30% do valor inicial

Rodeado pelas chamas, o Pantanal é o bioma brasileiro que mais secou, e o estado de Mato Grosso do Sul foi o que mais perdeu água na superfície nos últimos 38 anos. 

Os dados são do levantamento realizado pela MapBiomas Água, sobre a superfície de água no Brasil de 1985 a 2023. A pesquisa mostra que a seca no bioma pantaneiro é uma das mais graves das últimas décadas.
A superfície de água anual do Pantanal foi de 382 mil hectares (61% abaixo da média histórica). 

Houve também redução da área alagada e do tempo de permanência da água. No ano passado, apenas 2,6% do bioma estava coberto por água. Sendo que, de acordo com a pesquisa, o Pantanal responde por 2% da superfície de água do total nacional. 

“O Pantanal enfrenta uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, destaca o o coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck.

O ano passado, período em que aconteceu a última grande cheia do bioma, o Pantanal  foi 50% mais seco que 2018. Neste período, a água no Pantanal já estava abaixo da média da série histórica. 

“Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle”, ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

A situação do bioma também vem impactando todo o território sul-mato-grossense, já que entre os dez estados do país que estão abaixo da média histórica da taxa de superfície de água, o Mato Grosso do Sul é um dos casos mais severos, com perda de superfície de água de 263 mil hectares (-30%). Mato Grosso foi o estado que mais secou, foram 274 mil hectares (-33%).

No caso dos municípios brasileiros, mais da metade (53%, ou 2.925) ficaram abaixo da média histórica. O município de Corumbá foi o que mais perdeu superfície de água em 2023 no país em relação a média da série histórica: 261 mil hectares (-53%).

NÍVEL DOS RIOS

Conforme os dados do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que monitora o nível de água dos principais rios do Estado, 12 rios que estão em Mato Grosso do Sul estão fora da faixa de normalidade.

Entre estes rios, a estação de Ladário, que monitora o Rio Paraguai, mostra que o nível da água no local está abaixo da média mínima histórica registrada para o período, com apenas 1,3 metro, sendo que a média histórica mínima era de 2,84 metros.

Seis estações de rios do Estado estão classificados como período de estiagem, porque estão abaixo da cota que representam o valor médio do nível do rio das últimas 24h.

São elas: a estação dos Rios Miranda e Aquidauana, Rio Aporé de Cassilândia, Rio Pardo, próximo a Bataguassu, estação Porto Esperança no Rio Paraguai e o Rio Piriqui que fica na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Por causa desta situação de seca, no mês de maio deste ano a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos na Região Hidrográfica da Bacia do Rio Paraguai.

A medida impôs uma série de condições especiais para o uso da água nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e terá vigência até 31 de outubro.

O comportamento dos rios e a frequência das chuvas estão abaixo da média histórica desde ano passado, o que fez com que até este mês de junho não houvesse cheia no Pantanal.

É importante destacar que nas últimas semanas não houve registros de chuva na maioria dos rios do Estado. 
A previsão para hoje (27) indica sol e variação de nebulosidade, junto com um avanço do ar relativamente frio, que deve deixar as temperaturas mais amenas, diminuindo assim os valores de temperaturas associadas a esta frente fria.

Os ventos hoje devem registrar valores entre 40-60 km/h e, pontualmente, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60 km/h.

FOGO EM CORUMBÁ

Outra consequência dessa seca são os incêndios florestais no Pantanal, que neste ano estão caminhando para um recorde de área atingida. Os trabalhos na contensão do fogo em Corumbá continuam e, segundo o Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), mais de 677 mil hectares foram queimados no bioma até o dia 24 de junho deste ano. 

Foram enviados até o momento 62 militares estaduais para substituírem as equipes de campo no combate aos incêndios florestais no entorno de Corumbá, além dos que já compõem o Sistema de Comando de Incidentes (SCI), nas funções de planejamento, logística, operações, finanças e outras atividades.

O grupo de ação recebeu reforço de uma aeronave do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) através do governo federal, totalizando cinco (aeronaves) Air Tractor, sendo uma do Corpo de Bombeiros e quatro do ICMBio, e dois helicópteros da Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA).

Segundo o governo do Estado, para reforçar os trabalhos dos bombeiros de Mato Grosso do Sul, duas equipes da Força Nacional estão se deslocando ao Pantanal em 27 viaturas, com 80 integrantes. 
Um grupo de 42 bombeiros saiu de Brasília e mais 40 seguiu do Rio Grande do Sul. Ambas vão diretamente para Corumbá.

Fonte/créditos: https://correiodoestado.com.br/cidades/pantanal-e-o-bioma-que-mais-secou-em-38-anos-mostra-pesquisa/432400/ (Por: Judson Marinho/Foto: Viviane Amorim)

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