Reciclagem em MS: desafios e soluções que permitiram a reutilização de 50 mil toneladas em dois anos

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Entre todos os materiais, o vidro ainda é um desafio para ser solucionado, por seu baixo valor de comercialização e longo prazo de decomposição.

Apesar dos desafios de diminuir os impactos no meio ambiente causados pela produção de grandes indústrias, Mato Grosso do Sul se tornou um dos estados que mais reciclam no país. Em dois anos, 50 mil toneladas de embalagens coletadas foram recicladas, entre elas papel, alumínio e vidro.

O cenário começou a mudar em 2020, quando foi lançado o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS-MS). Já neste ano, o estado publicou o decreto Nº 16.089, que definiu as diretrizes para implementação da logística reversa de embalagens em geral, incluindo o papel de empresas e indústrias que comercializam produtos em Mato Grosso do Sul.

A diretora de Desenvolvimento do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Thaís Caramori, explicou que a partir de 2011 iniciou-se no estado o Plano Estadual de Resíduos Sólidos e, assim, foi possível instaurar políticas públicas relacionadas ao reuso de matérias-primas. Entre eles, o SisRev.

Todas as indústrias que comercializam em Mato Grosso do Sul, sejam do estado, ou de outras unidades federativas, precisam comprovar anualmente que reciclam parte do lixo que produzem.

O vidro pode ser quebrado em fragmentos que são usados ​​para reciclagem — Foto: GETTY IMAGES
O vidro pode ser quebrado em fragmentos que são usados ​​para reciclagem — Foto: GETTY IMAGES

“Ela (indústria) pode apresentar para a gente um sistema de logística reversa dela própria ou ela pode se associar a uma entidade gestora que vai estruturar, implementar e operacionalizar todo esse sistema de logística reversa”, disse.

Em suma, as indústrias comercializam embalagens de papel, plástico, vidro e metal. Com base em cada tipo de embalagem, a entidade gestora calcula a porcentagem que a empresa deverá reciclar, com base nos produtos que foram produzidos e circularam em Mato Grosso do Sul.

Uma indústria que circulou mil toneladas, por exemplo, terá que comprovar para o Imasul que retornou para o ciclo produtivo 220 toneladas de resíduos sólidos.

Em 2019, quando o SisRev começou a ser posto em prática, cerca de 14 empresas começaram a participar e foram responsáveis por desviar 24 mil toneladas de materiais dos aterros sanitários. Em 2020, o número de matéria prima que voltou para o ciclo produtivo subiu para 27 mil toneladas. Já os números de 2021 ainda estão sendo analisados pelo Imasul.

“O problema que a gente tem aqui no estado é a logística reversa do vidro. Ele sempre fica abaixo das demais por várias questões, é o preço que pagam no vidro, o preço da matéria prima para as fábricas acaba sendo mais barato para elas fazerem novas garrafas do que utilizarem reciclagem. É a alíquota do imposto. E falam aí milhares de anos para que o vidro se decomponha, eu falo que é nunca. Vidro e metal, dependendo do metal, não decompõe”, enfatizou Thaís..

Uma das maiores operadores de logística reversa do país, a eureciclo, começou a atuar em Mato Grosso do Sul em 2016. Desde então, foi responsável por compensar mais de 24 mil toneladas toneladas em todos os tipos de materiais.

Das 14 operadores que trabalham em parceria com a empresa, oito são especializadas em vidro. A diretora Jurídica e Relações Governamentais da eureciclo, Jessica Doumit, explica que em 2021, perceberam que o estado apresentava potencial considerável para a reciclagem do material, mas havia muitas ações que dificultavam o uso das embalagens pós-consumo.

“O vidro é composto de basicamente sílica e areia, vidro e areia. Então, a venda dele não é um material de grande valor agregado, mas ele é muito fácil de reciclar. Acontece que se você está longe da indústria que de fato vai reciclar esse vidro, às vezes não vale a pena nem o frete. Os valores do alumínio, por exemplo, eles chegam a 4 mil reais a tonelada. Imagina uma organização de catador recuperando, coletando o vidro, quanto ele vai receber? 400 reais. E pelo alumínio ele vai receber 4 mil”, relatou.

Para incentivar a reciclagem do vidro, a eureciclo implantou um conjunto de ações estruturantes para impulsionamento da cadeia de reciclagem do vidro pós-consumo, como firmar parcerias a longo prazo e pagamento de crédito de reciclagem de vidro a todos os operadores que compõem a cadeia do vidro.

“Então quando a gente chega no Mato Grosso do Sul, basicamente não era reciclado vidro, ele ia todo pra terra e pior, ia para o lixão, que ainda tem o estado. Então nós criamos uma rota e um trabalho com o crédito para que esses operadores passassem a coletar vidro falando vai valer a pena e a gente vai garantir. Nós trouxemos ali recicladores que iam comprar esse vidro. Então a gente juntou vidro para valer a pena a carga”, completou Jessica.

Fonte/créditos: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2023/10/12/reciclagem-em-ms-desafios-e-solucoes-que-permitiram-a-reutilizacao-de-50-mil-toneladas-em-dois-anos.ghtml (Por Gabrielle Tavares)

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